segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Terceira, uma ilha sempre em festa

O ano passado passei em trânsito pela ilha Terceira. Estive apenas umas horas na cidade de Angra do Heroísmo e fiquei com vontade de voltar. A cidade, a arquitectura, os edifícios coloridos e bem arranjados deixaram-me cheia de vontade de voltar e, foi o que fizemos nestas férias durante cinco dias.

A viagem pela ilha começou com o reconhecimento da zona costeira desde a saída do aeroporto nas Lajes até à cidade de Angra do Heroísmo. Nesse reconhecimento fomos parando ao longo da costa. Nos Biscoitos tomámos o nosso primeiro banho de mar nesta ilha. É curioso observar as diferenças entre o Continente e as ilhas em relação às praias. Por cá o conceito de praia está associado a areia por lá são poucas as praias de areia. Encontramos imensos pontos para ir ao banho no mar, recantos trabalhados na rocha, piscinas com água salgada, pontões com escadas com entrada para o mar. Se no início estranhámos o facto de não haver areia, para o final preferíamos tomar banho em mar aberto, em água transparente, e com alguns peixinhos a nadar por perto. Único.

Em termos gastronómicos a ilha é rica e tem uma oferta variada. Ao longo da minha estada segui várias das sugestões que me indicaram. A primeira referência digna de registo foi no restaurante Boca Negra em Porto Judeu. Nesse dia depois de uma breve visita à cidade da Praia da Vitória, fomos à procura desse restaurante famoso pela Alcatra de Peixe. Entrei na sala que me parecia um café e perguntei se ainda se podia almoçar ao que o senhor por detrás do balcão me respondeu para seguir em frente, o restaurante era depois da porta que me indicava. Assim que passei a porta encontrei a sala do restaurante e algumas pessoas sentadas a almoçar. Depois de escolhermos a mesa e de nos acomodarmos, começámos a nossa refeição com queijo, um pires de favas escoadas, muito boas, e um vinho produzido na ilha, Resistência.

Para prato principal escolhemos Alcatra de Peixe com espinha. Sim, leram bem. O restaurante também serve alcatra de peixe sem espinha. A diferença está na variedade de peixe, na primeira são servidas três qualidades (boca negra, garoupa e safio) e na segunda apenas uma.

Assim que a Alcatra chegou à mesa a borbulhar, o dono do restaurante, o senhor José, disse-nos: "Isto não é sopa, não se coloca a colher até ao fundo. E come-se com isto - apontando para o pão." O peixe é então acompanhado com fatias de pão que deverá ser regado com o molho da alcatra. A alcatra de peixe estava mesmo muito boa. O pão ensopado no molho fica divino. Mas para além da alcatra, o senhor José conquistou-nos com o seu discurso bem humorado, atrevido e até um pouco apimentado.

O restaurante Ti Choa, na Serreta, era uma sugestão que este ano eu não iria deixar fugir porque, após a recomendação da Elvira, várias outras pessoas também mo referiram. O Ti Choa é um restaurante de gestão familiar com cozinha tradicional açoriana. A sala está decorada com objectos tradicionais da ilha e tem uma lareira com forno onde às sextas-feiras se faz pão.

Aqui experimentámos uma morcela, magnífica, onde sobressaem os sabores das especiarias, a alcatra de carne tenra e saborosa servida com fatias de massa sovada. A acompanhar um vinho branco da terra, de seu nome Donatário. Mas a alma do restaurante, é quem lhe dá vida. A jovem que serve a sala marca a diferença, alia a simpatia à arte de bem servir e rapidamente nos conquista. Não posso deixar de referir o modo delicioso como a jovem Delisa nos apresentou a ementa. Através de um pequeno quadro de ardósia explica os pratos um a um e vai descrevendo o que contêm e como cada um é confeccionado. Confesso que no fim da explicação fiquei a salivar e com vontade de provar um pouco de tudo! Para além disso, ao longo do jantar vai-nos brindado com pequenas atenções, como por exemplo: "Então meus queridos ainda estão vivos?".

Das nossas experiências gastronómicas destaco a sopa no pão no restaurante do Hotel Beira-Mar, o restaurante O Caneta, em Altares, onde provámos sopa de tomate, peixão grelhado e filetes de abrótea com molho de camarão e para sobremesa doce de vinagre. Acompanhámos esta refeição com mais um vinho branco da ilha, o Magma.

Doce de vinagre.

No último dia na Terceira ao almoço, escolhemos o restaurante Beira-Mar em São Mateus da Calheta, com vista para o porto. Aqui escolhemos lapas na chapa e boca-negra grelhado. Magnífico. Para além do modo como é confeccionado, destaca-se pela qualidade dos produtos. Frescos.

A visita à ilha Terceira também teve outras surpresas. Conheci, numa quinta-feira ao final da tarde, a Manuela que organizou um encontro com outras simpáticas bloggers açorianas, a Ana, a Isa e a Olguinha. Depois de um final de tarde de boa conversa, seguiu-se uma outra surpresa. Um encontro com a Elvira e o seu marido, João, que simpaticamente nos abriram as portas da sua nova casa e, à volta de alguns petiscos típicos da ilha com que nos presentearam, ficámos agarrados à conversa pela noite dentro.

Para além das nossas experiências gastronómicas, ainda tivemos tempo para uma subida à Serra do Cume, a vista para o vale é magnífica. O verde sobressai recortado com os muros de pedra. Uma ida à Serra de Santa Bárbara, para além da vista soberba sobre parte da ilha ainda ficámos maravilhados com um grupo cavalos que encontrámos, apanhámos o pôr do sol na ponta da queimada, percorremos o parque da Serreta e subimos a pé ao Monte Brasil, onde pelo caminho me fui entretendo a apanhar amoras e a comer.

Entrámos nas Grutas do Natal e na do Algar do Carvão, contemplámos os touros bravos na zona do Cabrito, comprámos queijo Vaquinha com massa de malagueta, visitámos o Museu do Vinho e, aqui descobri que existe uma casta com o nome de Isabel. ;)

A Terceira é uma ilha sempre em festa. Só quem por aqui passa pode perceber o espírito da ilha e das gentes que lhe dão vida. E no espírito de festa da ilha existe a largada de touros à corda. Impressionante.
A largada de touros é por aqui uma tradição, está enraizado no espírito festivo da ilha. Assisti a uma largada de bezerros em S. Mateus da Calheta. Novos, velhos, homens e algumas mulheres correm à frente do animal. Em volta, encontramos frango assado, bifanas no pão, bebidas frescas, vendedores de gelados, frutos secos, maçarocas de milho cozidas, cerveja e muita animação.

15 comentários :

Abelha Maia disse...

Excelente reportagem, adoro saber coisas sobre sitios que gostaria de visitar.
bjsss

Anónimo disse...

Como terceirense, posso dizer-lhe que fez um roteiro bastante completo da melhor ilha açoriana! Que venham aqueles que ainda não a conhecem!

Misshiva disse...

Adorei a foto reportagem :)

Espero que venham cá mais vezes, estamos cá para vos recebe~r.

Bjs

Ana Rita disse...

Boa reportagem. É um dos meus próximos destinos, a Terceira.

Bjs

moranguita disse...

bem estou fascinada com os Açores.
beijinhos

anabenfica disse...

Eu quero taaaanto ir aos Açores...

Isa Bettencourt disse...

Sim senhora! Que bela foto-reportagem! Eu não tenho muito jeitinho para escrever ;) Mas tu não deixas-te que nada passase ao lado :)
Espero que tenhas adorado o meu parque de diversões ;) E sempre que voltarem avisem :) Nós, Açorianos, adoramos receber pessoas :D hihi

bjins :D

Tiago Lopes disse...

Adoraria visitar os Açores... parece-me que tem uma gastronomia excelente... pelo que aqui li...

Fernanda disse...

Adorei!! Fotos, reportagem!! mto bom mesmo!!
Adoro viajar, e esse com certeza esta anotado!

Olguinha disse...

Olá Linda! Que belo post fizeste sobre a minha ( apesar de não ser Terceirense, já a considero minha) Terceira! Fico feliz por transmitires a beleza desta e das outras ilha que fazem parte deste arquipélago fantástico!
Ainda estou por cá, mas será por pouco tempo! Já ando a chorar....
beijinhos

Manuela © disse...

Que linda reportagem fizeste sobre a minha ilha :) Fico muito feliz por terem gostado de cá estar. Para a próxima temos de nos encontrar com mais tempo.
Beijinhos

Elvira disse...

Que bem ficou retratada a minha ilha, querida amiga! :-)

Espero que voltes, sinceramente.

Beijinhos.

portuguinha!!! disse...

DEPOIS DESTA LEITURA, TENHO QUE ADMITIR, QUE ORGULHO EM SER TERCEIRENSE!!
SO VIM MATAR AS SAUDADES DA ALCATRA POIS VIVO MUITO LONGE DA MINHA TERRA.
AINDA BEM QUE ENCONTREI ESTE BLOG.
FEZ-ME BEM RELEMBRAR A MINHA CULTURA.
BEIJO E OBRIGADA!

Adelaide disse...

Tiro-lhe o chapeu,pelo seu entusiasmo ao descrever a Terceira.Sou terceirense, mas não partilho do mesmo entusiasmo, no que toca as tradicões.Só que queria
dizer-lhe que as favas são escoadas e não coadas.

Laranjinha disse...

Adelaide,
gosto tanto de voltar à Terceira.
Obrigada, vou corrigir.